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Artrites em animais domésticos e de produção

Artrites em animais domésticos e de produção

As artrites são um tipo de lesão bastante frequente em animais domésticos e de produção, sendo mais comuns em produção como bovinos e suínos.

O que chamamos de artrite é a inflamação das estruturas intra-articulares e dos tecidos moles adjacentes que envolvem as articulações.

As sinóvias são tecidos moles adjacentes ou as estruturas adjacentes à superfície articular, portanto pode-se descrever esse processo inflamatório como sinovite, que é sinônimo de artrite quando os tecidos periarticulares estão inflamados.

Classificação das artrites

A classificação das artrites pode ser quanto a causa classificadas como artrites bacterianas, virais ou fúngicas. Estas últimas são mais raras. Sendo que as mais comuns são as bacterianas depois as virais.

Quanto à duração, podem ser classificadas como agudas ou crônicas.

Também podem ser classificadas baseando-se no tipo de exsudato como artrite purulenta (quando há presença de pus), artrite fibrinosa (presença de fibrina), artrite serosa (líquido de aspecto seroso), artrite hemorrágica (quando há presença de sangue) ou uma mistura desses exsudatos.

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– Resposta dos Ossos às lesões

Animais de produção são os mais suscetíveis aos agentes causadores de artrite que têm acesso à articulação por via hematogênica, principal via de penetração do agente. Porém, pode ocorrer também por penetração direta ou por extensão de um processo inflamatório em um tecido adjacente, por exemplo, uma inflamação muscular que evolui comprometendo também o tecido articular.

A lesão pode ser monoarticular quando atinge uma única articulação ou pode ser poliarticular, quando mais de uma articulação está envolvida, sendo esta última a apresentação mais comum.

Artrites bacterianas

Os agentes causadores das artrites bacterianas que são as mais comuns chegam até a articulação a partir de onfalites (inflamação das estruturas umbilicais) e são muito frequentes em animais de produção, principalmente nos bovinos.

Como resultado de uma inflamação do cordão umbilical existem várias consequências pode haver complicações tais como artrites, abcessos hepáticos, septicemia, às vezes com morte súbita.

A estrutura do cordão umbilical no bezerro é formada por duas artérias e uma veia, além de um orifício que não é visível macroscopicamente, pois sofre uma involução já nos primeiros dias após o nascimento. Quando a veia persiste ligada ao fígado e em virtude dessa estreita relação das estruturas umbilicais com esse órgão, pode ocorrer abscesso hepático se o animal apresentar onfalite, com a migração das bactérias para o fígado.

Nesse processo, a artrite também pode ocorrer porque as artérias umbilicais estão relacionadas com sistema cardiovascular do animal, visto que estão ligadas às artérias femorais. Dessa forma, os microrganismos entram pelas estruturas do cordão umbilical e facilmente chegam ao sistema cardiovascular de onde são disseminados para as articulações ocorrendo as chamadas poliartrites.

Outra via de penetração do agente é por via digestiva. Neste caso, como resultado da ingestão de alimentos contaminados por bactérias patogênicas que podem causar essas artrites.

Outra forma de penetração dos microrganismos é por penetração direta ou disseminação de um processo inflamatório nos tecidos próximos ou adjacentes. Assim, pode ocorrer a partir de uma lesão muscular ou óssea que permite a disseminação do agente para articulação.

Principais agentes responsáveis por artrites em animais:

Actinobacilluspyogenes – bovino e suíno
Erysypelotrhrixrhusiopathiae
Escherichia coli e Streptococcus – potros e leitões – articulações, meninges, serosas
Haemophilusparasuis – doença de Glasser suínos (8-16 semanas) – polisserosite, poliartrite e meningite
Mycoplasmabovis – poliartrite em bovinos
Mycoplasmamycoidessubsp mycoides – caprinos
M. hyorhinis – suínos – poliartrite fibrinosa e polisserositesero fibrinosa

Artrite supurativa

Outro padrão morfológico de artrite é a supurativa que se caracteriza pelo acúmulo de pus na cápsula articular ou no espaço articular. Os principais agentes envolvidos são os estafilococos e streptococcus que são bactérias piogênicas. Na figura, mostrando aumento de volume das articulações em decorrência do acúmulo de pus.

cão com artrite supurativa

Artrite fibrinosa

Um outro padrão morfológico é artrite fibrinosa que pode ser causada pela E. coli. No caso do bezerro da figura, a superfície articular em vermelho e os tecidos moles são os tecidos sinoviais adjacentes recobertos por exsudato fibrinoso. bezerro com artrite
Os principais agentes que causam a artrite são aqueles que já se encontram no meio ambiente, então E. coli está presente, porque ela está no trato digestório dos animais e isso favorece a infecção e a contaminação das estruturas umbilical.

Staphylococcus e Streptococcus também são abundantes no meio ambiente ou estão na superfície do corpo dos animais também ou o que estão nos tratadores que lidam no dia-a-dia com o animal, que podem veicular a bactéria contaminando o cordão umbilical.

A figura mostra uma lesão de artrite com comprometimento de função articular.

artrite com disfunção articular

Artrite asséptica

Ocorre artrite asséptica, ou seja,sem a presença de microorganismos, por traumatismo sobre uma articulação que pode induzir a um processo inflamatório.

Erisipela em suínos

O agente erysipelothrix causa em suínos uma doença chamada Erisipela dos suínos ou ainda chamada também de ruiva dos suínos. Esse agente causa uma inflamação nas articulações, uma artrite/sinovite com proliferação da sinóvia. Porém outras lesões também são observadas como lesões cardíacas como a endocardite verrucosa e infartos esplênicos.

A figura mostra as áreas vermelhas dos infartos e forma-se também uma lesão cutânea que é bem sugestiva ou que leva à suspeita de erisipela que são essas lesões vermelhas na pele, chamadas de lesões em diamante.

Essas lesões na pele surgem como resultado de microtrombos ou microtromboses que são induzidas pela ação do agente agressor. Quando o agente invade pequenas arteríolas na pele causa micro tromboses, leva à necrose e hemorragia nessas regiões.

Lembrado que nem sempre que essas lesões surgem pode-se considerar a como infecção por erysipelothrix, pois outras doenças de suínos podem também apresentar-se por esse tipo de alteração. Embora seja altamente sugestivo de Erisipela, deve-se avaliar o conjunto dessas lesões para fechar o diagnóstico: lesões em diamante na superfície da pele com endocardite e poliartrite. A confirmação é feita com testes laboratoriais de isolamento do microrganismo.

pele de diamante - ruiva dos suinos erisipela

proliferação sinovial macro
Proliferação da membrana sinovial

Microscopicamente, as lesões de artrite se caracterizam com proliferação do tecido sinovial. Quanto mais tempo de evolução tiver essa lesão, maior a intensidade de proliferação do tecido sinovial. Contudo, o que define com precisão se tem inflamação ou não, é a presença do infiltrado inflamatório. Na figura os pontos escuros correspondem a núcleos de células dos linfócitos caracterizando uma inflamação crônica.

proliferação sinovial

Complicações

A principal complicação da artrite é a perda da função da articulação, que nós chamamos de anquilose. Esta ocorre devido à proliferação de tecido fibroso e soldadura da superfície impedindo a movimentação da articulação.

Outra complicação seria uma septicemia e morte. Com inflamação, pode ocorrer a destruição de superfície articular também com exposição do tecido subcondral.

Artrite viral dos caprinos

A artrite viral que ocorre nos caprinos e ovinos na chamada artrite encefalite caprina. Além de afetar as articulações afeta também o tecido nervoso sendo que a evolução do quadro clínico tem ligação direta com a idade dos animais.

Portanto, observa-se que os animais mais velhos desenvolvem artrite e os animais mais jovens comumente apresentam encefalite. Essa lesão de artrite está diretamente associada à ação do vírus. Lembrando que o agente que causa essa doença é um lentivirus, que estimula o espessamento da sinóvia. Esta adquire um aspecto viloso, ou seja, é um aspecto rugoso referente a vêlo que significa lã. As sinóvias apresentam grânulos brancos e visíveis formados por fibrina que se assemelham a grãos de arroz.

artrite encefalite caprina

Microscopicamente, os grãos se formam devido aglomerados de linfócitos e plasmócitos formando um infiltrado denominado linfoplasmocitário.

•Infiltrado inflamátório linfo-plasmocitário
Infiltrado inflamatório linfoplasmocitário

 

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