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Doença de Marek das aves

Doença de Marek das aves

A Doença de Marek tem característica  linfoproliferativa e provoca perdas econômicas em todo o mundo. É causada por um alfa-herpesvírus, caracteriza-se pela presença de linfomas e infiltrados de células monucleares em quase todos os tecidos. O subtipo 1 é oncogênico.

Replicação

Após infecção, a progressão é produzida por contato entre as células por pontes intercelulares.

Infecção produtiva

Caracterizado pela existência de replicação de DNA viral, síntese de antígenos virais e, em alguns casos, produção de particular virais. Infecção totalmente produtiva ocorre em células epiteliais dos folículos das penas. Infecção produtiva-restritiva ocorre em linfócitos B.

A infecção produtiva forma corpos de inclusão intranucleares e à destruição celular. Patologicamente, corresponde a áreas necróticas, por isso pode ser denominada infecção citolítica.

Infecção latente

Existe pouca transcrição do DNA viral, por isso torna-se difícil encontrar expressão gênica nas células em que os vírions poderiam ser detectados.

Infecção tumoral

Apenas cepas do sorotipo 1 produzem esse tipo de infecção. As células sofrem transformação tumoral, a expressão gênica do vírus é maior e também dos antígenos virais é mais frequente.

Transmissão

A transmissão natural é por via aerógena. As células queratinizadas do folículo das penas são a única localização onde o vírus é capaz de se replicar completamente, adquirir envelope e dar lugar a partículas infecciosas livres de células. A descamação constante dessas células é a maior fonte de infecção do ambiente e de outras aves.

A excreção do vírus começa a 2 semanas da infecção e alcança seu máximo de 3-5 semanas de infecção, mas a infecção persiste durante toda a vida do animal.

O vírus associado às penas e ao pó é infeccioso e pode permanecer viável durante vários meses em temperatura de 20-25°C e durante anos a 4°C.

Hospedeiros

Frangos e galinhas domésticas são os principais, podendo ocorrer em codornas, perus e faisões.

Patogenia da Doença de Marek

Fase de infecção citolítica precoce: MDV ingressa no hospedeiro por inalação, as primeiras alterações são observadas nos órgãos linfoides (baço, timo e bolsa de Fabricio). As primeiras células acometidas são linfócitos B, podendo ser acometidos também os linfócitos T.

A consequência da infecção citolítica é a destruição celular, assim as lesões predominantes são necróticas. Ocorre linforreticulite agida, com grave infiltração de macrófagos e granulócitos e hiperplasia de células reticulares (esplenomegalia).

As consequências em timo e bolsa de Fabricio é atrofia podendo ser acompanhada de abscessos.

No pico da infecção citolítica, começam a aparecer as lesões em tecidos não-linfóides que iniciam-se associadas aos vasos sanguíneos.

Fase de latência: após 7 dias da infecção, os órgãos linfoides passam de infecção citolítica para latente. A produção antigênica desaparece. Linfócitos carreiam o vírus para outras localizações, generalizando a infecção.

Nessa fase, as lesões em sistema nervoso central se agravam e também aumenta a resposta inflamatória nos vasos seguida de edema. Este é responsável pela síndrome de paralisia transitória (TP) (24-48h). a infecção latente pode durar a vida toda dos animais resistentes ou evoluir para citolítica em animais susceptíveis.

Fase de infecção citolítica tardia: começa na segunda semana de infecção e afeta os órgãos linfoides. Surgem focos localizados de infecção em múltiplos órgãos de tipo epitelial (rim, pâncreas, glândulas adrenais, proventrículo, etc).

As lesões mais graves ocorrem na pele; as células do epitélio do folículo das penas sofrem a infecção citolítica se estendendo rapidamente a outras células do folículo.

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A replicação do vírus no folículo é completa, produzindo partículas virais envelopadas que são infecciosas. Como a produção antigênica do vírus é muito alta nessa região, a resposta inflamatória ao redor do folículo costuma ser bastante intensa.

Fase proliferativa ou transformação tumoral: o tumor é composto por células neoplásicas e inflamatórias, apresentando aspecto pleomórfico. Macro: focos tumorais.

A evolução das lesões em nervos periféricos durante as fases finais é variável, podem aparcerdiferentes quadros anatomopatológicos, classificados em A, B e C.

  • A: lesões linfoproliferativas com graves alterações em vasos sanguíneos. Manguitos perivasculares intensos, composto principalmente de linfócitos e linfoblastos.
  • B: as lesões caracterizam-se por demielinização, edema e vacuolização.
  • C: lesões exclusivamente inflamatórias de caráter moderado.

Durante a fase de transformação tumoral, pode-se detectar a presença de vírus nos plexos nervosos.

Sinais clínicos

Os processos neoplásicos podem aparecer com sintomatologia inespecífica (anorexia, caquexia, desidratação, palidez, etc) ou sintomas pelo tipo de lesão.

Se a íris estiver afetada, ocorre cegueira, sintomas neurológicos se houverem lesões em sistema nervoso central ou periférico. Os animais com lesões linfoproliferativas no encéfalo (síndrome de doença neurológica persistente), mostram torcicolo, ataxia e tique nervoso.

Lesões macroscópicas

Processos linfoproliferativos: presença de linfomas em vísceras e hiperplasia nos nervos periféricos. Os linfomas podem aparecer como infiltrados difusos do parênquima – vísceras aparecem hipertróficas, consistência friável e pontos esbranquiçados; ou na forma nodular – massas brancas ou cinzas, consistência firme e bem delimitadas.

Crescimento tumoral rápido – focos necróticos na massa tumoral. As córneas ficam opacas com perda de pigmentação na íris e irregularidades na pupila – “olho cinza”.

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Lesões cutâneas associadas aos folículos das penas. Formações modulares esbranquiçadas que afetam um ou mais folículos.

Casos graves mostram ulcerações com aspecto de pústula. As áreas mais afetadas são sobrecoxa interna e externa e cervical-dorsal.

Processos não-linfoproliferativos: as alterações em órgãos linfoides dependem do estado imune do animal.

Timo amarelado e edematoso, bolsa ligeiramente atrofiada, edematosa e baço com hipertrofia e aspecto marmório. Bolsa e timo fixam atrofiados em 8 dias. Arterosclerose em artérias coronária, aorta e principais vias.

Lesões microscópicas

As lesões linfoproliferativas apresentam-se como combinações de lesões neoplásicas e inflamatórias.

Os tecidos afetados sofrem infiltrado massivo de células mononucleares, em sua maioria linfoides, pode também acometer macrófagos.

Observa-se células linfoides de grande tamanho com transformação tumoral.

Diagnóstico

O estudo histopatológico é importante para o diagnóstico da doença. Confirmar que os tumores são linfomas, com características pleomórficas decorrentes da combinação de lesões tumorais e inflamatórias é de grande importância.

O histopatológico de sistema nervoso central e periférico é diagnóstico confirmativo se apresentar lesões linfoproliferativas. A caracterização do tipo celular por imuno-histoquímica, difere Marek de leucose linfoide, pois na primeira são acometidos linfócitos T e na segunda linfócitos B.

A detecção de MDV é o isolamento e cultivo em fibroblasto de embrião de galinha (CEF) ou de pato (DEF) ou em células de rim de galinha (CKC). A detecção do DNA é realizada por OCR

Diagnóstico diferencial

Os processos linfoproliferativos devem ser diferenciados de outros processos neoplásicos e de lesões granulomatosas (colibacilose, tuberculose, salmonelose e aspergilose).

As lesões do tipo B podem ser confundidas com processos auto-imunes e deficiências nutricionais.

Os sintomas neurológicos devem ser diferenciados dos ocorridos no curso de outras encefalites virais (Doença de Newcastle e Influenza aviária) ou bacteriana (S. arizone, E coli).

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O diagnóstico diferencial mais complicado é com tumores induzidos por retrovírus, principalmente, leucose linfoide em poedeiras, leucose, mieloide em reprodutoras pesadas, reticuloendoteliose e doença linfoproliferativa em perus.

Em processos não-proliferativos, as características mais marcantes são paralisia transitória e atrofia da bolsa de Fabricio.

Prevenção e controle

Estratégias de controle devem seguir os três pontos (biossegurança, resistência genética e vacinação) para serem eficazes.

O vírus evolui para formas mais virulentas e mesmo seguindo manejo coreto, animais resistentes e conferindo boa imunidade vacinal podem ser infectados.

Biossegurança: eliminar o vírus das granjas é impossível, visto que, em condições naturais, estão expostos a vida inteira. Seguir protocolos sanitários para a doença a fim de controlar a doença precocemente.

Resistência genética: realizar seleção de indivíduos resistentes.

Vacinação: as cepas utilizadas podem ser classificadas em três grupos (sorotipo 1 atenuadas, sorotipo 2 e sorotipo 3). As cepas de sorotipo 1 são atenuadas em passagens seriadas em cultivos celulares.

O problema principal da atenuação é conseguir um equilíbrio entre a perda da oncogenicidade e a capacidade de replicação.

A sobreatenuação leva normalmente à incapacidade de replicação. Já a falta de atenuação deixa virulência residual e possibilidade de reversão para formas mais virulentas, embora cepas virais que apresentam virulência residual conferem proteção muito maior.

As cepas do sorotipo 2 não conferem proteção suficiente, porém, quando utilizadas junto com cepas do sorotipo 3 têm a capacidade potencializada.

A vacinação é realizada nas salas de encubação no primeiro dia de idade. As doses utilizadas excedem 2000 PFUs (unidades formadoras de plasca) e a via de administração costuma ser subcutânea, mas pode-se usar vias intramuscular e intra-abdominal.

A vacinação in-ovo pode ser utilizada aos 18 dias de desenvolvimento embrionário em frangos de corte, conferindo imunidade precoce e automatização no processo de vacinação, com diminuição da mão-de-obra.

A vacinação estimula o sistema imune e ocasiona tanto uma resposta humoral como celular, que protege do desenvolvimento de linfomas e reduz replicação do MDV, mas não previne a infecção com vírus virulentos e não evita a replicação em folículo da pena, se disseminando para outros animais.

O fato de que a vacinação não impede a liberação de partículas virais infecciosas é de grande relevância epidemiológica, porque permite que cepas virulentas persistem e mutem, ganhando gradualmente virulência.

Algumas vacinas (sorotipo 2 e algumas sorotipo 1) podem se replicar de forma produtiva nos folículos.

Tratamento

Não existe tratamento, portanto as únicas medidas a serem tomadas devem ser de prevenção e controle.

Referência: RAVOLLEDO, Liliana; FERREIRA, Antônio J. P. Patologia Aviária. São Paulo: Manole, 2009.

Material para estudo:

DOENÇA DE NEWCASTLE (DNC) — Português (Brasil) (www.gov.br)

DOENÇA DE NEWCASTLE (embrapa.br)

Doença de Newcastle, a mais devastadora entre as doenças da criação industrial de aves – aviNews, la revista global de avicultura

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