A Coriza Infecciosa (CI) é uma infecção bacteriana do trato respiratório superior, aguda e contagiosa, causada pelo Haemophilus paragallinarum.
Não é zoonose, por isso pouco interesse em saúde pública. Porém, provoca grandes perdas econômicas, pois a doença prejudica o desempenho zootécnico dos lotes afetados.
Em aves jovens, a doença compromete o crescimento e o ganho de peso. Em poedeiras e reprodutoras, pode provocar decréscimo de até 40% na produção de ovos.
Etiologia da coriza infecciosa
Família: Pasteurelaceae
Bacilo curto ou cocobacilo, imóvel, gram-negativo, pleomórfico, aeróbio facultativo. Pouco resistente no meio ambiente, inativado à temperatura de 45-55°C por 2-10 minutos. Viável por 4 horas em exsudato suspenso em água à temperatura ambiente e por 24-48h a 37°C em exsudato puro ou carcaças de aves mortas. Pode ser mantidos por vários dias a 4°C.
Estrutura antigênica
Sorovares: A1, A2, A3, A4, B1, C1, C2, C3, C4.
Epidemiologia
A doença é transmitida na forma horizontal em que aves doentes, na forma crônica ou portadoras assintomáticas, contaminam aves suscetíveis, por contato direto ou por via indireta, por aerossóis, vetores, fômites ou ainda por água e ração contaminadas pelo corrimento nasal de aves doentes.
O tipo de equipamento utilizado na criação pode facilitar a disseminação da doença dentro do galpão, quando permite que aves infectadas eliminem o agente no alimento (água e ração) que será ingerido por aves sadias. Isso pode ocorrer com bebedouro do tipo calha ou tipo pendular e comedouros do tipo corrente. A transmissão por água é mais comum.
Bronquite infecciosa das galinhas: da etiologia à prevenção
Em geral, não provoca lata mortalidade, apenas em cepas altamente toxigênicas. A morbidade é elevada e a gravidade depende da virulência do agente, da resistência da ave afetada, fatores de manejo (higiene, diferentes idades no alojamento, parasitismo, nutrição inadequada) e da presença de outras doenças concomitantes, como micoplasmose, bronquite infecciosa, colibacilose, pasteurelose e pneumovirose.
As galinhas são os únicos hospedeiros de H. paragallinarum e podem ser infectadas e apresentar sinais em qualquer idade. Nas aves em crescimento, a doença é mais grave, com sinais mais intensos. Surtos são comuns em poedeiras comerciais, mas pode ocorrer em frangos e reprodutoras.
Na ausência de outros agentes, a doença é de curso rápido, desaparecendo em 2-3 semanas, prazo que varia dependendo do microrganismo e virulência.
O período de incubação é curto (24-48h) em galinhas com culturas puras ou exsudato. Aves suscetíveis colocadas em contato com aves doentes manifestam os sinais em 24-72h.
Patogenia
Ocorre aderência do microrganismo no epitélio ciliado da mucosa do trato superior. A colonização do epitélio evolui e provoca lesões responsáveis pelo aparecimento dos sinais clínicos na lâmina própria das membranas mucosas, das cavidades nasais, nos seios infra-orbitários e na traqueia.
A cápsulo protege contra ação bactericida do soro normal e é antifagocítica, está também relaciona à multiplicação bacteriana. Toxinas produzidas pela bactéria podem ser responsáveis por lesões na mucosa e descamação, produzindo sintomas. A reação inflamatória é devido ao LPS.
Simais clínicos
Queda no consumo de ração, espirros, descarga nasal, edema facial e conjuntivite. Fase aguda: descarga nasal com aspecto de exsudato seroso e claro, que se torna denso e amarelo com a persistência da infecção. Pode ocorrer inchaço da barbela (principalmente em machos) e da cabeça. Estertores ocorrem quando a infecção atinge trato respiratório inferior.
Queda no consumo de ração provocam refugagem e perda de peso em aves jovens, infere também no número de ovos postos por elas, levando a queda de produção de 10-40%.
Bouba aviária: prevenção, diagnóstico e tratamento
Quando a doença está associada a outras enfermidades, os sinais se agravam com aumento do período da doença, aumentando a mortalidade. Os lotes infectados em fase crônica ou complicados por doenças concorrentes apresentam um odor característico, ácido e fétido. Em alguns casos, as aves podem apresentar diarreia.
Lesões
Macroscopia: inflamação aguda da mucosa dos seios nasais, edema subcutâneo e uma ou ambas faces, conjuntivite. Em casos complicados por outros agentes, as lesões são mais pronunciadas, pode ocorrer traqueíte e aerossaculite, raramente, pneumonia.
Micro: perda do epitélio glandular e da mucosa, edema, hiperemia com infiltrado heterofílico na traqueia e na lâmina própria da mucosa nos seios nasais e infra-orbitários. Quando há envolvimento em trato respiratório inferior, observa-se pneumonia catarral aguda com os lumens de bronquíolos secundários e terciários repletos de heterofilos e restos celulares. As células epiteliais dos capilares aéreos aparecem hiperplásicas e edemaciadas, prejudicando as trocas gasosas. Há infiltração de células inflamatórias na lâmina própria da mucosa da cavidade nasal, podendo levar a alterações vasculares.
Diagnóstico
Sinais clínicos, lesões histopatológicas, histórico, comportamento epidemiológico da doença. Confirmação laboratorial para diagnóstico definitivo, pelo isolamento viral ou técnica de detecção molecular (prova biológica, PCR, sorologia).
Isolamento e identificação
Envio de material: 3-5 aves vivas manifestando sinal agudo da doença ou mortas resfriadas. Suabe de seios nasais por meio de incisão em região infra-orbitária da face da ave. Pode ser utilizado exsudato de traqueia e de sacos aéreos.
Diagnóstico diferencial
Micoplasmose, cólera, bouba diftérica, avitaminose A e síndrome da cabeça inchada.
Prevenção e controle
Procedimentos de biossegurança: alojamento de aves de mesma idade nos mesmos núcleos; controle de tráfego de pessoas, animais e veículos; limpeza e desinfecção de equipamentos e instalações; vazio sanitário. Manejo de temperatura e ventilação diminui a predisposição.
Utilização de tela para manter aves silvestres afastadas. Lotes recuperados devem ser mantidos isolados de lotes vazios para evitar portadoras ou aves assintomáticas. O lote que esteve doente deve ser retirado logo que possível, adotando-se medidas sanitárias adequadas de higiene e vazio para erradicação da doença na propriedade. Vacinação profilática.
Imunização: são utilizadas bacterinas disponíveis no mercado, a partir de cultuvo bacteriológico, inativado e adicionado de adjuvantes com o hidróxido de alumínio ou óleo mineral. Recomenda-se que a vacina contenha os três sorovares, uma vez que não há imunidade cruzada entre eles.
Anemia Infecciosa das Aves: da etiologia ao controle
Aplicação de duas doses de vacina inativada por via subcutânea ou intramuscular. As vacinas podem ser aplicadas ao redor da décima semana de idade e, uma segunda, dose, 4-5 semanas depois. O intervalo entre as vacinações não deve ultrapassar 10 semanas.
Em regiões endêmicas, a primeira dose pode ser aplicada entre 5-7 semanas de idade. Vacinas vivas ou atenuadas podem provocar a doença, por isso não é recomendável.
Tratamento
Antibióticos e sulfas como eritromicina e tetraciclinas, sulfonamidas que atuem sobre gram-negativas ou drogas de amplo espectro, como quinolonas (norfloxacino e enrofloxacino) e um macrolídeo, a miporamicina.
A combinação de sulfa com outro antibiótico tem sido eficiente. Os produtos podem ser aplicados em água de bebida e casos graves por via oral individualmente. A via injetável em aves com quadro grave da doença ou em pequenos lotes.
Os sintomas desaparecem em 5-7 dias. É importante o cuidado com a continuidade do tratamento e a observação das dosagens relativas a cada medicamento para evitar recidivas, o desenvolvimento de resistência às drogas utilizadas e o aparecimento de portadores assintomáticos.
Referência: RAVOLLEDO, Liliana; FERREIRA, Antônio J. P. Patologia Aviária. São Paulo: Manole, 2009.
Material para estudo: